quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Rússia quer corrigir "política míope da Otan" sobre segurança na Europa


Viena, 23 jun (EFE).- O ministro de Assuntos Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, pediu hoje uma nova política de segurança na Europa, para corrigir as "insuficiências" e "erros" da "política míope da Otan de beliscar pedaços do antigo Pacto de Varsóvia".
Durante uma reunião da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), em Viena, Lavrov afirmou que a crise da Geórgia, em agosto do ano passado, mostrou que "nem tudo ia bem na Europa" em matéria de segurança.
O ministro defendeu a proposta russa da adoção de um novo pacto europeu que, "sem querer enfraquecer a Otan", reequilibre as forças no velho continente para não "reforçar a segurança própria às custas da segurança de outros".
Lavrov fez as declarações durante a sessão de abertura da Assembleia Anual da Segurança da OSCE, uma reunião que foi criada a pedido dos Estados Unidos, para enfrentar a ameaça à segurança criada pelos atentados de 11 de setembro.
Para abordar os atuais problemas de segurança, o diplomata russo falou sobre a necessidade de corrigir os erros na segurança transatlântica.
Ele lamentou que, depois do fim da Guerra Fria e com o desaparecimento dos blocos, "não se tenha conseguido estabelecer um sistema de segurança comum para os países do leste e do oeste" europeu.
O chefe da diplomacia russa ressaltou que seu país não quer que a Otan desapareça, mas que a própria OSCE, que representa 56 países da Europa, América do Norte e Ásia Central atualmente, adquira um papel mais proeminente em matéria de cooperação e segurança.
Sobre os conflitos com a Geórgia, em agosto do ano passado, Lavrov insinuou que as "aventuras militares" de alguns líderes, em clara referência ao presidente do país, Mikhail Saakashvili, eram encorajadas por uma certa política da Otan. EFE

Patrullas ciudadanas y penalización de la inmigración

MARIANGELA PAONE - Madrid - 08/08/2009
EL PAIS
La nueva ley de seguridad del gobierno Berlusconi que penaliza la inmigración ilegal ha entrado en vigor en Italia. Las primeras detenciones de inmigrantes en situación irregular ya se han producido. La ley no solo criminaliza la inmigración irregular, sino que también prevé fuertes sanciones y penas de cárcel de hasta tres años contra los italianos que, por ejemplo, alquilen viviendas a personas en situación irregular.
Pero el delito de inmigración clandestina no es la única norma cuestionada del paquete de seguridad. La otra es la que instituye las patrullas ciudadanas. A partir de este sábado los alcaldes, de acuerdo con los prefectos (equivalente a los delegados del Gobierno en España), podrán contar con la colaboración de grupos de voluntarios para vigilar la seguridad las calles de sus ciudades.
El reglamento que define las rondas ha sido firmado hoy por el ministro del Interior, Roberto Maroni, quien defendió la iniciativa frente a la resistencia de muchos ediles, sobre todo del centro y sur de Italia. "Hay muchos equívocos. Hemos percibido un fenómeno difuso y por esto lo hemos decidido regular", ha asegurado Maroni.
El ministro se refería a experiencias como la de Verona, donde las patrullas ciudadanas están en vigor desde noviembre. El alcalde es de la Liga Norte, el partido de Maroni y el de muchos regidores que, sobre todo en el norte de Italia, se han declarado a favor de las patrullas. El alcalde de Roma, Gianni Alemanno, en cambio, ha reiterado su perplejidad, apostando por una versión más "social" de los vigilantes de la calle. Quienes han rechazado por completo la iniciativa son las asociaciones policiales, que la han definido de "genérica y ambigua".
Las asociaciones de voluntarios de las rondas no podrán pertenecer a ningún partido político y las patrullas no podrán estar formadas por más de tres personas, que deberán ir sin armas. La edad mínima para integrarlas es de 18 años, aunque al menos uno los vigilantes tendrá que ser mayor de 25. Los voluntarios no podrán tener antecedentes penales y deberán presentar un certificado de aptitud psicológica emitido por un médico de la Seguridad Social.

EX-OFICIAL NAZISTA É CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA


Judy Dempsey
Em Berlim

Um tribunal em Munique condenou na terça-feira (11) um ex-oficial nazista de 90 anos, Josef Scheungraber, à prisão perpétua por matar civis italianos como represália pela morte de dois soldados nazistas. Em um dos últimos julgamentos de nazistas na Alemanha, Scheungraber foi condenado por 10 assassinatos e uma tentativa de homicídio.Ele negou as acusações de ter ordenado os assassinatos em junho de 1944 em Falzano di Cortona, perto da cidade toscana de Arezzo, quando era tenente do Exército Alemão, com 25 anos, e estava no comando de uma companhia de engenheiros. Seu julgamento começou em setembro último, depois que o juiz Manfred Goetz avaliou que estava apto a enfrentar um julgamento.

Josef Scheungraber, 90 anos, ex-oficial do Exército alemão, ouve veredicto da corte alemã em MuniqueA promotoria disse que, depois que a resistência italiana matou dois soldados alemães, Scheungraber ordenou que seus soldados assassinassem três homens e uma mulher italiana. Depois, deu ordens para que outros 11 civis fossem levados a um celeiro, que então foi explodido.A defesa de Scheungraber pediu sua absolvição, alegando que não havia evidências da culpa pessoal de Scheungraber. Ele já tinha sido condenado pelos mesmos crimes por uma corte militar italiana em 2006 e condenado à revelia à prisão perpétua, mas não cumpriu pena.A promotoria disse que, apesar de não haver testemunhas vivas que ouviram Scheungraber dar a ordem de matar os civis, ele foi visto em fotografias do enterro dos dois soldados alemães cujas mortes provocaram a represália.Durante as audiências no mês passado, um antigo funcionário contou que, nos anos 70, Scheungraber disse a ele que não podia visitar a Itália pelo que aconteceu durante a guerra, que tinha a ver com "atirar contra uma dúzia de homens e mandá-los para o ar com uma explosão".A testemunha, Eugen S., não lembrava de Scheungraber dizendo que deu a ordem, mas acrescentou que o réu contou a história "como se fosse decisão dele". Gino Massetti, único sobrevivente do massacre, prestou testemunho em outubro. Ele contou que tinha 15 anos quando foi cercado por soldados alemães e colocado no celeiro antes da explosão. "Ouvi um grito e foi tudo. Eles estavam mortos", disse ele.Pouco antes de o celeiro ser explodido, ele viu um oficial chegar de motocicleta, mas não soube descrevê-lo nem entendeu o que disse, pois não sabia alemão. Ele foi parcialmente protegido da explosão por uma viga pesada e um homem que caíram em cima dele.A experiência aterrorizou Massetti, disse Andrea Vignini, prefeito de Cortona que manteve contato com ele e com as famílias das vítimas."Foi extremamente difícil para Massetti testemunhar e reviver aquele dia terrível que passou deitado sob as ruínas com os outros homens condenados à morte", disse Vignini em entrevista por telefone. "Ele me confessou que, por muitos anos depois, ele tremia ao ouvir uma única palavra dita em alemão."Vignini elogiou a sentença, dizendo que "demonstra que a Alemanha é uma grande democracia".

Tradução: Deborah Weinberg

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Más de 300.000 parados se beneficiarán de la ayuda de 420 euros

EL PAIS
La ayuda de 420 euros a los parados que hayan agotado la protección y no dispongan de ingresos beneficiará a más de 300.000 personas y entrará en vigor a mediados de este mes, con efectos retroactivos desde el 1 de agosto, con lo que se podrá cobrar ya en septiembre, según ha anunciado el ministro de Trabajo e Inmigración, Celestino Corbacho.
Esta medida será aprobada mañana en el Consejo de Ministros extraordinario que celebran los miembros del Gobierno, cumpliendo con el anuncio que realizó el jefe del Ejecutivo, José Luis Rodríguez Zapatero, poco después la ruptura del proceso de diálogo social. Corbacho ha subrayado que los desempleados que hayan agotado prestaciones y subsidios y no tengan rentas podrán percibir esta ayuda, de 420 euros mensuales, durante un periodo de seis meses, evitando así que "queden desamparados desde el punto de vista de la protección social".
El perceptor de esta renta, ha explicado el ministro, asumirá el compromiso con el servicio público de empleo de su comunidad autónoma de participar en un itinerario de formación y empleo. El objetivo de esta iniciativa, cuya duración no acaba de convencer a los sindicatos, "no es el de hacer un subsidio, sino el de dar una renta de protección para que las personas que la reciban tengan acceso a una formación y puedan volver al empleo lo antes posible", ha señalado.
Aunque cada perceptor sólo podrá recibir la ayuda durante un máximo de medio año, el Gobierno mantendrá en vigor este programa de ayudas durante más tiempo. De hecho, su permanencia estará condicionada a la evolución del paro y de las condiciones económicas. Para Corbacho, "parece razonable si la crisis no se acaba en seis meses o si empieza a ser superada pero permanecen sus efectos sobre el empleo, que suele ir un poco más lento. Por lo tanto, seis meses para la personas, que no para el programa".
De esta forma, la norma que se aprobará mañana habilita al Gobierno para ir prorrogando este programa de ayudas en la medida en que los índices de coyuntura económica sigan siendo negativos. El Real Decreto que regula esta ayuda entrará en vigor "a partir del 14 de agosto", aunque Corbacho ha puntualizado que tendrá efectos retroactivos desde el primero de mes.
El coste de esta ayuda superará los 400 millones de euros y, según Corbacho, se financiará directamente con cargo al Servicio Público de Empleo (antiguo Inem) y a los Presupuestos Generales del Estado (PGE).
Preguntado por si al Gobierno le queda margen de maniobra para tomar nuevas medidas ante la perspectiva de que el paro vuelva a la senda alcista en otoño, Corbacho ha reconocido que los márgenes, "como es natural y lógico", cada vez van siendo menores. No obstante, ha subrayado que aún tiene capacidad de reacción, aunque éste sea menor a la que por ejemplo tenía hace un año, cuando el Estado disfrutaba de superávit y su deuda representaba la mitad de la media europea.

TRAGÉDIAS PROVOCAM DEBATE SOBRE A SEGURANÇA DO TRABALHO NA ITÁLIA


Elisabetta PovoledoEm Turim (Itália)
Um telefone tocou de manhã bem cedo, em 6 de dezembro de 2007, no portão da usina siderúrgica ThyssenKrupp, em Turim. Um segurança, Claudio Perrotta, atendeu."Eu ouvi uma pessoa gritando", depôs Perrotta em um tribunal de Turim algumas semanas atrás. Um incêndio havia irrompido uma das linhas de produção e estava saindo rapidamente de controle. Embora ambulâncias e o corpo de bombeiros tenham sido chamados, vários trabalhadores morreram devido aos ferimentos que sofreram durante o incêndio, um acidente que abalou o país. Na Itália, que há muito apresenta um dos piores quadros de segurança do trabalho na Europa, tais fatalidades são conhecidas como "mortes brancas" porque muitas vezes não é possível determinar a responsabilidade direta por elas. Mas tragédias recentes como a do incêndio na aciaria fizeram com que a questão passasse a ter prioridade na consciência pública e geraram apelos por mudanças.Herald Espenhahn, diretor da divisão italiana da ThyssenKrupp, foi a julgamento em janeiro por homicídio culposo - na primeira vez na Itália em que um acidente industrial resultou em uma acusação tão séria. Cinco outros gerentes da ThyssenKrupp estão sendo julgados devido à acusação de homicídio. A ThyssenKrupp negou todas as acusações. Quando três trabalhadores morreram como resultado de um acidente industrial em uma refinaria de petróleo na Sardenha no mês passado, o acidente virou manchete de primeira página na maioria dos jornais nacionais, que atualmente publicam um quadro com as mortes no local de trabalho, de maneira similar àquela como países em guerra fazem listas dos mortos no campo de batalha. Segundo o "La Republica", um jornal diário de Roma, neste ano já morreram mais de 450 pessoas em acidentes de trabalho.Acredita-se que haverá novas discussões sobre o assunto neste mês, quando as comissões parlamentares começam a discutir as mudanças, propostas pela coalizão conservadora do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, em um decreto legislativo de 2008 sobre segurança do trabalho, que incorporou diversas diretrizes da União Europeia. Essa lei, que endureceu as sanções criminais e administrativas, foi aprovada durante o clima de exaltação que se seguiu ao acidente na ThyssenKrupp e a sua redação envolveu o governo (em vários níveis administrativos), líderes empresariais e sindicatos. Em março último, no entanto, o governo apresentou dezenas de emendas - unilateralmente, de acordo com os críticos. A mais polêmica delas prevê a redução das sanções para os empresários e a instituição de um limite para as suas responsabilidades. Uma outra proposta transferiria o ônus dos controles e certificações para as inspeções realizadas conjuntamente por sindicatos e proprietários. Atualmente isso fica a cargo de agências governamentais. Organizações trabalhistas e parlamentares oposicionistas reclamam de que os direitos e a saúde dos trabalhadores estão sendo sacrificados para que se atendam os interesses econômicos. "O governo escolheu reduzir os deveres e as responsabilidades dos empregadores, favorecendo a competitividade e a redução dos custos, em detrimento da segurança dos trabalhadores", afirma Paola Agnello Modica, que é responsável pelas questões de saúde e segurança no maior sindicato italiano, a Confederazione Italiana del Lavoro, ou GCIL. "Achamos que isso não aprimora a lei existente, e que a iniciativa não passa de uma contra-reforma".Autoridades do Ministério do Trabalho dizem que o projeto de lei é um trabalho em andamento, e que as revisões levarão as críticas em consideração. "Partindo do princípio de que não é possível reduzir acidentes apenas porque existe uma lei, achamos que este é um bom começo", afirma Lorenzo Pantini, especialista em segurança do trabalho no ministério. "As emendas têm como único objetivo corrigir alguns problemas práticos de uma lei muito complicada".De 1995 a 2005, a Itália, a quarta maior economia da Europa, registrou um índice médio de acidentes fatais no trabalho, excluindo os acidentes de trânsito fora do setor de transporte, de 3,4 por 100 mil indivíduos empregados, segundo números da agência de estatística Eurostat. Durante aquele período os índices registrados nas três maiores economias do bloco europeu foram de 2,4 na Alemanha, 1,5 no Reino Unido e 3,2 na França. O índice comparável no Japão em 2002 foi de 2,6. Nos Estados Unidos, o índice foi de 3,8 por 100 mil em 2007, embora ele tenha incluído todas as mortes no trânsito vinculadas ao trabalho.Mesmo assim, os números da União Europeia revelam que os acidentes fatais na Itália caíram para cerca da metade do índice de 1995, e que o índice geral não é muito superior ao do resto do bloco. Mas Birgit Muller, porta-voz da Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho, observa que, apesar das tentativas de padronizar as estatísticas, é difícil fazer comparações entre países devido às diferenças nos sistemas e padrões de divulgações dos dados. Sindicatos e associações de segurança do trabalho na Itália alegam que os números nacionais não levam em conta o vasto mercado de trabalho clandestino ou os trabalhadores imigrantes da Itália, que podem não constar nos registros. Eles também argumentam que a redução dos números reflete a crise industrial e o crescimento do desemprego, e não a melhoria das condições de trabalho."Em outros países os números estão caindo mais rapidamente do que na Itália, e isso indica que há uma diferença cultural", diz Sandro Giovanelli, diretor-geral da Anmil, uma associação que representa trabalhadores feridos em acidentes de trabalho. "Aqui a tendência é colocar a economia à frente da segurança. Os empresários se dedicam mais a manter empregos do que em garantir a segurança dos trabalhadores, e isto é uma questão de maturidade cultural".Embora a legislação de segurança ocupacional esteja bastante padronizada em toda a Europa, colocá-la em prática é bem diferente. "A lei existe, ela é rígida, mas há situações nas quais os empregadores não a aplicam", afirma Vincenzo Cupelli, professor de medicina de saúde ocupacional da Universidade de Florença. O controle é também insuficiente, especialmente no sul da Itália, ainda que várias agências estejam encarregadas de fiscalizar as empresas. Giovanelli, da Anmil, diz: "As companhias sabem que a probabilidade de que venham a ser controladas é remota. É como uma loteria. O sistema é fraco e não existe coordenação".Uma indicação de como essa questão tem um impacto profundo é o fato de ela ter emergido nos últimos anos como um tema na literatura, no teatro e no cinema. A refinaria de petróleo onde houve o acidente fatal do mês passado foi o assunto de um documentário, "Petróleo", lançado em dezembro do ano passado, que levantou questões sobre a saúde dos trabalhadores na fábrica após uma morte ocorrida em suas instalações. "É uma questão de aumentar a consciência", afirma o diretor, Massimiliano Mazzotta.Pippo Delbono, ator e roteirista cujo filme sobre a tragédia da ThyssenKrupp, "La Menzogna" ("A Mentira") -, foi apresentado às plateias de Roma neste ano, chama as mortes no local de trabalho de "uma herpes nacional, uma doença que encontra-se profundamente enraizada na sociedade".A denúncia de uma gravidade incomum relativa àquele caso ocorreu depois que os promotores acusaram os gerentes da ThyssenKrupp de não se empenharem suficientemente no sentido de alertar sobre possíveis perigos na fábrica, que estava com prazo para encerrar as atividades. "O risco apresentou-se e o diretor optou por aceitar esse risco", disse por telefone Raffaele Guariniello, o principal promotor que atua no caso. Ele afirmou que havia recursos reservados para melhorar a segurança na linha de produção em que houve o incêndio, mas afirmou que isso não foi feito devido ao plano de mudança para uma nova fábrica em Terni.Em Turim, parentes das sete vítimas do incêndio da ThyssenKrupp participam das sessões do julgamento desde o princípio. "Sou capaz de entender que haja um acidente no trabalho, mas morte eu não aceito", afirma Teresa Rodino. Ela usa uma camiseta com uma foto sorridente do seu sobrinho, Rosario Rodino, um dos trabalhadores mortos. "Medidas de segurança melhores deveriam estar em vigor".
Tradução: UOL

terça-feira, 11 de agosto de 2009

VERSÃO COMPILADA DO TRATADO DA UNIÃO EUROPEIA

http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/dat/12002M/htm/C_2002325PT.000501.html#anArt6

TEXTO JURÍDICO

ESPANHÓIS REJEITAM IDÉIA DE UNIÃO IBÉRICA ; PORTUGUESES, NEM TANTO

Fernando Peinado Em Madri (Espanha)
A união política entre Espanha e Portugal é uma ideia que divide os portugueses e causa indiferença na Espanha. Em Portugal, 39,9% da população são partidários de se integrar com a Espanha em uma federação, enquanto a maioria dos espanhóis expressa seu desinteresse quando lhes apresentam a proposta, segundo uma pesquisa da Universidade de Salamanca que foi divulgada na sede da Secretaria Geral Ibero-Americana em Madri. Entre os espanhóis, 30,3% apoiariam a criação de uma união ibérica.
Um só país?

Mais textos de jornais internacionais

O Barômetro de Opinião Hispano-Luso (Bohl), dirigido pelo Centro de Análises Sociais da Universidade de Salamanca, é o primeiro estudo conhecido sobre o que pensam os cidadãos dos dois lados da fronteira sobre seus vizinhos. Como não existe uma pesquisa semelhante com caráter periódico, é difícil saber com precisão se a proposta de federação política ganha ou perde adeptos, embora exista o precedente da pesquisa publicada em 2006 pelo semanário de Lisboa "Sol", segundo a qual 28% dos portugueses estariam dispostos "a formar um só país com a Espanha".A pesquisa publicada essa semana mostra que os portugueses põem ainda menos barreiras ao ensino de espanhol em suas escolas: 50% consideram que seu ensino deve ser obrigatório nos cursos primário e secundário. O consenso é ainda maior quando se propõe o estudo de espanhol como língua alternativa, reforma que tem a aprovação de 85,1% dos pesquisados. Pelo contrário, a proposta de estudo obrigatório do português nas escolas espanholas foi rejeitada por 76,2% dos espanhóis entrevistados.Os portugueses também se mostram muito mais partidários de aumentar a cooperação política entre os dois países. Propostas de grande calado como um sistema fiscal conjunto ou a supressão de todas as restrições à mobilidade e ao assentamento de profissionais, trabalhadores e empresas recebem o apoio de 59% e 72%, respectivamente, enquanto só 37,1% e 63,2% dos espanhóis são favoráveis a essas reformas. Inclusive uma iniciativa de alto valor simbólico, como a apresentação de candidaturas conjuntas para eventos internacionais, tais como campeonatos de futebol, jogos olímpicos e feiras setoriais, recebeu o apoio de três em cada quatro portugueses. Pelo contrário, um em cada dois espanhóis é a favor. A verdade é que a candidatura ibérica para organizar a Copa do Mundo de Futebol de 2018 é um projeto em andamento que deve ser resolvido pela Fifa em dezembro de 2010.A união política entre Espanha e Portugal é um assunto polêmico que aparece intermitentemente no debate político português, mas ao qual maioria dos espanhóis permanece alheia. A motivação econômica é a causa do maior interesse do país vizinho, como ficou provado na pesquisa do jornal "Sol". Naquela ocasião, 97% responderam que Portugal se desenvolveria mais se se unisse à Espanha. Mas o Bohl revela que 34,1% dos pesquisados portugueses rejeitam essa opção."Os portugueses têm uma relação de amor e ódio com a Espanha, algo semelhante ao que acontece com os espanhóis em relação aos franceses", disse o responsável pelo estudo, Mariano Fernández Enguita, catedrático de sociologia na Universidade de Salamanca, que estabelece a comparação com base na posição geográfica e no diferente grau de desenvolvimento econômico. Espanha e Portugal têm uma história paralela mas distante. Portugal tornou-se um reino autônomo da coroa de Castela em 1143 e posteriormente, com exceção dos 60 anos em que Portugal passou a fazer parte da monarquia espanhola (1580-1640), ambos os países seguiram rumos diferentes. Enquanto Portugal teve tradicionalmente como referência exterior a Inglaterra, a Espanha se inspirou no vizinho francês. O iberismo, uma corrente política promovida por burgueses e intelectuais peninsulares no século 19, e que defendia a união política ibérica, não encontrou continuidade histórica. "A federação ibérica é uma ideia que ainda não é levada a sério de nenhum lado da fronteira e continua parecendo uma proposta pretensamente engenhosa mas destinada a impressionar."A hipotética união de Espanha e Portugal resultaria no país mais extenso da UE e o quinto em população, com mais de 57 milhões de habitantes, depois da Alemanha, Reino Unido, França e Itália. A soma do Produto Interno Bruto a preços correntes dos dois países ibéricos daria como resultado a quinta economia da UE.A pesquisa, que foi realizada entre abril e maio com entrevistas telefônicas a 876 pessoas, mostra que não há qualquer tema de atrito nas relações entre Espanha e Portugal, e a maioria dos cidadãos dos dois países considera que as relações bilaterais são boas ou muito boas. Cabe destacar o fato de que enquanto 51% dos espanhóis consideram que as relações se mantiveram mais ou menos iguais nos últimos anos, a maior parte dos portugueses (53,9%) crê que melhoraram.O principal problema para os portugueses é o aproveitamento da água dos rios compartilhados, que é considerado muito problemático por 25,3% dos pesquisados, apesar de na sociedade portuguesa predominar a disparidade de opiniões sobre esse assunto.A maior preocupação dos espanhóis é, no entanto, o uso do território do país vizinho como refúgio de terroristas e criminosos: 51,3% o consideram problemático em alguma medida. Por isso, a grande maioria da sociedade espanhola pede um aumento da cooperação policial, militar e judiciária. Os espanhóis dão especial importância ao transporte por estrada e ferrovia (20,7%), mas segundo os responsáveis pela pesquisa "trata-se de uma preocupação que provavelmente coincidiria com a demanda que existe para melhorar as comunicações com qualquer outro ponto do território peninsular".
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/07/29/ult581u3387.jhtm