quinta-feira, 13 de agosto de 2009

EX-OFICIAL NAZISTA É CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA


Judy Dempsey
Em Berlim

Um tribunal em Munique condenou na terça-feira (11) um ex-oficial nazista de 90 anos, Josef Scheungraber, à prisão perpétua por matar civis italianos como represália pela morte de dois soldados nazistas. Em um dos últimos julgamentos de nazistas na Alemanha, Scheungraber foi condenado por 10 assassinatos e uma tentativa de homicídio.Ele negou as acusações de ter ordenado os assassinatos em junho de 1944 em Falzano di Cortona, perto da cidade toscana de Arezzo, quando era tenente do Exército Alemão, com 25 anos, e estava no comando de uma companhia de engenheiros. Seu julgamento começou em setembro último, depois que o juiz Manfred Goetz avaliou que estava apto a enfrentar um julgamento.

Josef Scheungraber, 90 anos, ex-oficial do Exército alemão, ouve veredicto da corte alemã em MuniqueA promotoria disse que, depois que a resistência italiana matou dois soldados alemães, Scheungraber ordenou que seus soldados assassinassem três homens e uma mulher italiana. Depois, deu ordens para que outros 11 civis fossem levados a um celeiro, que então foi explodido.A defesa de Scheungraber pediu sua absolvição, alegando que não havia evidências da culpa pessoal de Scheungraber. Ele já tinha sido condenado pelos mesmos crimes por uma corte militar italiana em 2006 e condenado à revelia à prisão perpétua, mas não cumpriu pena.A promotoria disse que, apesar de não haver testemunhas vivas que ouviram Scheungraber dar a ordem de matar os civis, ele foi visto em fotografias do enterro dos dois soldados alemães cujas mortes provocaram a represália.Durante as audiências no mês passado, um antigo funcionário contou que, nos anos 70, Scheungraber disse a ele que não podia visitar a Itália pelo que aconteceu durante a guerra, que tinha a ver com "atirar contra uma dúzia de homens e mandá-los para o ar com uma explosão".A testemunha, Eugen S., não lembrava de Scheungraber dizendo que deu a ordem, mas acrescentou que o réu contou a história "como se fosse decisão dele". Gino Massetti, único sobrevivente do massacre, prestou testemunho em outubro. Ele contou que tinha 15 anos quando foi cercado por soldados alemães e colocado no celeiro antes da explosão. "Ouvi um grito e foi tudo. Eles estavam mortos", disse ele.Pouco antes de o celeiro ser explodido, ele viu um oficial chegar de motocicleta, mas não soube descrevê-lo nem entendeu o que disse, pois não sabia alemão. Ele foi parcialmente protegido da explosão por uma viga pesada e um homem que caíram em cima dele.A experiência aterrorizou Massetti, disse Andrea Vignini, prefeito de Cortona que manteve contato com ele e com as famílias das vítimas."Foi extremamente difícil para Massetti testemunhar e reviver aquele dia terrível que passou deitado sob as ruínas com os outros homens condenados à morte", disse Vignini em entrevista por telefone. "Ele me confessou que, por muitos anos depois, ele tremia ao ouvir uma única palavra dita em alemão."Vignini elogiou a sentença, dizendo que "demonstra que a Alemanha é uma grande democracia".

Tradução: Deborah Weinberg

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