segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Proposta de taxar exportação de minério contraria China e União Europeia - Diplomatas brasileiros dizem que medida pode gerar retaliações

A ideia do governo brasileiro de impor 5% de taxas às exportações de minérios contraria a estratégia da União Europeia (UE) e deve ainda gerar um acirramento da relação com a China, importador de minérios.
Diplomatas não descartam sequer retaliações em outras áreas caso o Brasil siga adiante. Um estudo feito por uma especialista da OMC ainda alerta que um dos resultados da imposição da taxa pode ser a perda de eficiência das empresas do setor no país onde se decidir pela cobrança.
No fundo, o debate ocorre entre os países com grandes reservas naturais e países ricos que sabem que precisarão garantir acesso a esses produtos nos próximos anos para manter a competitividade de sua indústria.
Um primeiro sinal dessa tendência já ocorreu em 2007 e início de 2007, durante a alta nos preços de alimentos. Uma série de governos de países produtores de commodities iniciaram a imposição de taxas de exportação para tentar reduzir os preços dos produtos em seus mercados, entre eles o arroz.
Naquele momento, a OMC, as agências da ONU e o Fundo Monetário Internacional (FMI) fizeram um apelo para que as taxas fossem retiradas, já que no mercado internacional ela significava uma elevação ainda maior dos preços.

Regras

Diante desse cenário e temendo repetições dessas medidas, a UE propôs oficialmente no final do ano passado na OMC que novas regras sejam estabelecidas para disciplinar o uso das taxas de exportações.
A medida não é proibida, e países são livres para adotar tais taxas. Mas as medidas são raras e são vistas pelos parceiros comerciais como uma "mudança das regras do jogo" cada vez que são aplicadas. Isso porque muitos importadores acabam sendo afetados.
Se o país que impõe a taxa é um dos principais fornecedores daquele produto no mercado mundial, o impacto da taxa é ainda a elevação média do preço mundial daquela commodity.
A ideia da UE é a de garantir que as taxas de exportação tenham um limite. Ou seja, países que adotem o imposto não poderiam passar de um certo nível. O projeto europeu tem um sentido claro de garantir que os países que não contam com recursos naturais em abundância continuem tendo acesso facilitado a esses bens.
Caso contrário, serão suas indústrias de transformação – como a de veículos no caso de minérios – que sofrerão uma queda de competitividade.
China

Além dos europeus, outro fator de eventual preocupação pode ser a China. Pequim é um dos principais mercados importadores de minérios no mundo e vem prospectando fontes na África e outras regiões em busca de fornecimento garantido para sua indústria, que cresce a 8% ao ano.
No caso do Brasil, a taxa pode encarecer o acesso chinês aos produtos, o que não será considerado como uma ação positiva por parte do país. Experientes diplomatas não descartam nem mesmo que o Brasil possa sofrer em outras áreas como forma de uma retaliação indireta por suas taxas sobre a exportação de minérios.

Postado por: Geovana Caldas
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1345616-9356,00-PROPOSTA+DE+TAXAR+EXPORTACAO+DE+MINERIO+CONTRARIA+CHINA+E+UNIAO+EUROPEIA.html

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